sábado, 8 de setembro de 2007

[Crónica] Um novo romântico da festa Campo Pequeno

Ao abrigo da parceria firmada entre o http://bandadosamouco.blogspot.com e o Naturales - Correio de Tauromaquia Ibérica, apresentamos em seguida a habitual crónica tauromáquica, referente ao último espectáculo ocorrido na praça de toiros do Campo Pequeno, na passada 5ª Feira.

Crónica de PATRICIA SARDINHA - Directora adjunta de NATURALES, CORREIO DA TAUROMAQUIA IBÉRICA;
FOTOS DE JOAO SILVA, Chefe de Fotografia de NATURALES.

Na primeira nocturna de Setembro, juntaram-se três gerações de cavaleiros em praça, e dois dos mais tradicionais grupos de forcados. Apenas pouco mais de meia casa se preencheu, numa corrida que criou alguma expectativa mas que no final acabou por sair um pouco gorada, sem muita historia para contar. Com a Banda de Música da Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense em serviço durante toda esta semana em Ayamonte - Espanha, a Banda de Música do Centro Cultural Azambujense foi a responsável pela componene musical deste espectáculo.

João Moura, o cavaleiro mais veterano dos três e idolatrado por muitos, recebeu com uma boa brega o primeiro toiro com 506 kg que saiu com codícia. O cavaleiro de Monforte esteve regular nos compridos, sem nunca dar muita primazia ao toiro para que arrancasse ao cavalo, o toiro esse acabou por revela-se um pouco distraído, com o cavaleiro a saber saca-lo das querencias e a deixa-lo nos terrenos certos. Os curtos foram deixados quase todos em batidas ao pitón contrário, com o toiro a não arrancar e de investida curta. Ainda assim a actuação de Moura agradou aos presentes, principalmente pelos ladeios na cara do toiro.
Para a primeira pega da noite pelo grupo de Santarém, Joaquim Pedro Torres que se fechou bem ao primeiro intento.
No segundo toiro do lote de Moura, com 504 kg, a sua prestação foi praticamente idêntica à primeira. Bem na brega e na colocação do toiro nos terrenos, sortes cambiadas e remates com ladeios, terminando a lide com um ferro de palmo que tardou em cravar devido à mansidão do toiro e falta de investida. Mas se realmente houve algo que predominou em ambas as actuações do cavaleiro foram os toques na montada, inclusive um forte durante a lide do seu primeiro toiro. Apesar de muita gente dar descrédito a estes pormenores, preferindo aplaudir de pé e bajular quem os pratica, a verdade é que são estes “pequenos” toques que acabam por tirar mérito a tudo o resto, de que vale uma boa colocação do toiro nos terrenos, uma cravagem certeira se depois se acaba por levar toques na montada?! Certo que acontece a todos, mas nas duas lides de João Moura que vi ontem no Campo Pequeno, era caso para dizer “cada ferro cada toque…”. E ainda mais inadmissível isto se torna, quando se trata de falar de um cavaleiro com os anos de toureio que tem, e a fama que o precede. Para pegar este toiro, Pedro Freixo do grupo de Montemor que consumou à terceira numa pega que não foi tecnicamente perfeita. No final o forcado não quis dar volta à arena (louvar atitudes de verdadeiros forcados) e João Moura apenas agradeceu do centro da arena.

Vítor Ribeiro apresentou-se finalmente esta temporada no Campo Pequeno, depois de na temporada passada ali ter sido um dos triunfadores. Contudo esta noite, o triunfo não chegou a romper para o cavaleiro. No seu primeiro toiro, segundo da ordem, com 505 kg, tentou cravar um ferro à porta gaiola, mas a rês derrapou, com o cavaleiro a ter que aguentar e deixando o primeiro comprido bem na mesma. Depois efectuou uma boa brega, com o toiro a fixar-se no cavalo. Nos curtos o toiro foi a menos, o cavaleiro teve alguma dificuldade em faze-lo arrancar, acabando a actuação por ser morna, sem transmissão, apesar do labor de cavaleiro a arriscar e a cravar bem a ferragem. Pecou a actuação por ser morosa, sem ligação cavaleiro-toiro apesar do empenho.
Este toiro foi pegado por José Maria Cortes do grupo de Montemor, que se estreava nesta praça como cabo do grupo e que se aguentou bem na cara do toiro à primeira.

No quinto toiro da noite, o melhor do curro e com 520 kg, Vítor consumou com êxito uma sorte gaiola. Depois citando quase sempre de largo e com o toiro a arrancar sempre(!) ao cite, deixou correctamente os curtos, sofrendo ainda um toque na montada. Contudo a actuação não teve triunfo redondo, e houve a meu ver alguma falta de “espremer o sumo” que o toiro tinha para dar. Destaca-se o mando e a imposição com que Vítor Ribeiro prepara as sortes e lamenta-se quem do meio das bancadas, escondido(s), mistura “alhos com bugalhos” e assobie a actuação/volta à arena do cavaleiro Vítor Ribeiro, quiçá relacionado com o caso “do doutor amigo do cavaleiro que ajustou contas com um critico” que sendo um acto condenável, não é justo de imputar ao cavaleiro.
João Pedro Seixas Luís pelo grupo de Montemor consumou a pega à segunda tentativa.

Francisco Palha, o caso revelação desta temporada, teve pela frente um toiro com 510 kg, que saiu bem mas que com o decorrer da lide foi a menos. Bem na ferragem comprida, Francisco Palha mostrou maneiras de um verdadeiro senhor cavaleiro, inclusive no modo correcto e educado como pediu para que não se mexessem na trincheira (já que não poderia pedir ao público na bancada que fizessem silêncio também). Fiel seguidor da arte de marialva, sempre de tricórnio na cabeça, executante de um toureio clássico e frontal, o jovem ginete agradou na colocação dos curtos. Precipitou-se numa sorte ao piton contrário, levou também um toque na montada e houve duas passagens em falso, com o toiro meio andarilho, contudo brilhou na colocação do último ferro a pedido do público.
António Grave de Jesus do grupo de Santarém pegou à terceira, com o toiro a derrotar muito e quase que davam os dois uma pirueta.

No último toiro da noite com 502 kg, voltou a imperar o toureio clássico, com muita entrega por parte do cavaleiro, com algumas sortes a não resultarem tão certeiras, e também a sofrer alguns toques na montada por ventura culpa de uma actuação mais arriscada frente a um toiro de investida franca. Mas não restam dúvidas de que este jovem cavaleiro será mais uma (boa) esperança do verdadeiro toureio a cavalo.
João Mantas do grupo alentejano e após brindar ao ex-cabo Rodrigo Corrêa de Sá efectuou uma excelente pega ao primeiro intento.

Os toiros de José Samuel Lupi tiveram boa apresentação, mansos no geral, destacando-se o quinto da ordem. Dirigiu com acerto Manuel Jacinto assessorado pelo Dr. Carlos Sousa, e no início da corrida fez-se um minuto de silêncio pelo antigo forcado de Santarém, António Murteira recentemente falecido.

Dia 20 de Setembro: novo espectáculo tauromáquico na Monumental Lisboeta. Dentro de dias, não perca a antevisão deste evento.
Só no http://bandadosamouco.blogspot.com consegue ter tudo o que importa sobre a corrente época taurina na Catedral do Toureio em Portugal.

1 comentários:

Anónimo disse...

a vossa parceria com o naturales é um espectáculo.
obrigado!

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