domingo, 21 de outubro de 2007

[Crónica] Campo Pequeno - Marcos Tenório sobressai e Salgueiro reconcilia-se no 1º Festival Taurino em favor da deficiência

Ao abrigo da parceria existente entre os serviços http://bandadosamouco.blogspot.com e Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica, apresentamos em seguida a crónica do espectáculo tauromáquico que na passa quinta-feira encerrou a temporada 2007 na Praça de Toiros do Campo Pequeno, em Lisboa. Esta crónica é da responsabilidade de Patrícia Sardinha, Directora adjunta do serviço sediado na cidade galega de Pontevedra. As fotos são de João Silva, Director de Fotografia do mesmo serviço de informação tauromáquica.

Já com a temporada de abono terminada, a praça de toiros do Campo Pequeno voltou a abrir as portas para um Festival de Beneficência em Favor da Deficiência, iniciativa da Associação Portuguesa de Dressage que tem vindo a desenvolver na área da Hipoterapia, Equitação Terapêutica e Adaptada, sendo patrona a SAR D. Isabel de Bragança. Foi pois com uma pequena demonstração, mas grandiosa em termos de afectos e sensibilidade, que antes do espectáculo taurino nos presentearam jovens e crianças portadores de deficiências que montando a cavalo nos mostravam como a equitação pode também ser um sinal de esperança e terapia.

Só é pena que os aficionados e público em geral não tenham aderido tanto a esta iniciativa como o costumam fazer quando de corridas televisionadas se trata. Assim não chegando à 1/2 casa deu-se inicio ao espectáculo taurino com um minuto de silêncio em memória do pai do cavaleiro Manuel Jorge de Oliveira, recentemente falecido.

Joaquim Bastinhas foi quem fez as honras da casa e lidou o primeiro novilho de Prudêncio da Silva com 444 kg que parecia ter corda pois assim que saiu dos curros não parava por um segundo e nem passando ao lado do cavalo se fixava neste. Só quando Bastinhas lhe deixou o primeiro comprido o novilho veio a si e rompeu para o que lhe estava predestinado. Nos curtos o cavaleiro andou igual a si próprio. Sem cair nos exageros, soube lidar a rês em sorte, citando quase sempre de largo, cravando certeiro, e sempre de sorriso rasgado nos lábios chegou como é hábito, facilmente às bancadas. No final e seguindo o que é já tradição, o público pediu-lhe o par de bandarilhas ao qual Bastinhas correspondeu com acerto. Goste-se que não se goste, Joaquim Bastinhas é caso de popularidade há anos, e ali ficou mais uma vez patente, numa lide uniforme do cavaleiro de Elvas.

António Telles recebeu o novilho de Passanha com 528 kg à porta gaiola, mas desta feita de jaqueta na mão à moda de como se faz no campo, levando-o depois em voltas à arena e parando a rês no centro do ruedo. Contudo, a alegria do novilho cedo esmoreceu e foi a menos com o decorrer da lide. Deixou bem dois compridos, depois falha um terceiro, mas recompõe muito bem. Nos curtos o passanha ganhou querências junto às tábuas e foi todo um labor e experiência do cavaleiro da Torrinha para o sacar para os terrenos e executar as sortes. Correcto na ferragem curta com o animal a não investir, fez o que pôde e ainda nos brindou com um bom ferro de palmo em terrenos de compromisso.

Um dos regressos mais aguardados no Campo Pequeno era o de João Salgueiro, que depois da sua presença de duas faces no dia 27 de Setembro, em que o triunfo e a tragédia pautaram respectivamente as duas actuações do cavaleiro de Valada do Ribatejo, voltava ali disposto a limpar a imagem deixada. Frente a um novilho de Manuel Veiga com 430 kg, efectuou uma passagem em falso para deixar o primeiro ferro comprido mas depois concertou bem ao deixar dois ferros. O novilho que apesar de poucas carnes demonstrou algum génio, não largava o cavalo, o que permitiu ao cavaleiro subir de tom a actuação. Montando a égua Nádia, cravou bons ferros, com destaque para o sexto curto em terrenos de dentro. O público, esse mostrou que ‘águas passadas não movem moinhos’ e nenhum ressentimento foi demonstrado, aplaudindo com autenticidade a lide de Salgueiro.

Na segunda parte, Ana Batista lidou o novilho de Mário Vinhas com 455 kg que também se fechou em tábuas e se mostrou de investida curta. Clássica de modos, Ana soube escolher terrenos, sacando das querências o novilho e dando-lhe a lide possível. Depois de dois bons compridos, brilhou pelo labor frente ao oponente em sorte, pelo quarto curto bem deixado e pelo ferro de adorno com que culminou a sua actuação deixado numa ligeira batida ao pitón contrário.

O mais jovem cavaleiro de alternativa, Manuel Telles Bastos lidou o novilho de Assunção Coimbra com 433 kg. Deixou bem o primeiro comprido, depois leva ligeiro toque ao deixar o segundo, mas correcto num terceiro. Nos curtos sentiu algumas dificuldades frente a um novilho que não acometia às investidas, com o jovem cavaleiro a ter que entrar em terrenos de compromisso para lhe deixar os ferros. E apesar de não ter havido disposição da rês, houve vontade do Telles Bastos, que cumpriu na ferragem e ainda deu um ar de sua graça.

Mas o melhor da noite estaria reservado para o fim, o jovem praticante Marcos Tenório, filho de Joaquim Bastinhas, poderia ser aquele de quem menos se esperava visto que esta temporada esteve muito tempo parado devido a uma lesão e também por ser o único praticante em serviço, mas não. Lidou o novilho de Romão Tenório com 470 kg que não era fácil, mas Marcos mostrou que a sua tenra idade não equivale às suas capacidades toureiras. Muito mais solto, colheu a atenção do novilho nos dois compridos que deixou, depois foi vê-lo em cada curto demonstrar uma correctíssima escolha de terrenos, execução e remate das sortes brilhante, sem pressas, numa actuação de enorme valor.

No que às pegas diz respeito, pelos Amadores de Lisboa foram solistas António Correia de Campos à 2ª e Pedro Miranda à 1ª aguentando-se bem, destacou ainda deste grupo o “novo” rabejador Francisco Mira, que depois de efectuar valentes pegas mostrou também valentia a rabejar;

Pelos Amadores de Évora pegaram de caras Ricardo Casas novas à 3ª depois de tentativas falhadas por falta de ajudas e António Moura Dias muito bem á 1ª;

Pelo grupo do Aposento da Moita, Nuno Inácio e José Broega, ambos à 1ª em boas pegas. Dirigiu José Tinoca assessorado pelo veterinário António José Rita.
Durante o intervalo foi sorteada, entre os bilhetes válidos, uma poldra Cruzada e não Lusitana como antes anunciado.

Aceda aqui à galeria fotográfica criada por João Silva - chefe de fotografia do serviço Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica.

O http://bandadosamouco.blogspot.com apresenta em seguida o derradeiro vídeo da época 2007 da sua banda de música. "La Puerta Grande" é o emblemático pasodoble que a nossa banda de música interpretou todas as noites do Campo Pequeno:

Esta foi a 19ª e derradeira corrida na presente temporada na monumental lisboeta para a Banda do Samouco. Dentro de dias, o http://bandadosamouco.blogspot.com apresentará uma visão muito particular acerca da época taurina 2007 que agora acaba, onde serão focados aspectos que não têm tempo de antena nas crónicas e antevisões que este serviço lança no ar. Fique em sintonia.

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