Crónica Tauromáquica por Patrícia Sardinha e Fotos por Pedro Batalha, respectivamente Sub-Directora e Chefe de Fotografia do Serviço luso-espanhol Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica:
Assim Haja Sorte
Campo Pequeno, 23 de Julho, 2009
O dia da alternativa para um cavaleiro é sempre um acontecimento muito desejado, fruto de um caminho difícil, mais ou menos facilitado para uns do que para outros, pois há quem já tendo familiares no seio tauromáquico encontre mais portas abertas e há até quem tendo posses consiga “comprar” a alternativa. Mas também há aqueles que sozinhos, logrando-se do próprio esforço e valor conseguem atingir o sonhado “doutoramento”.
No entanto, a partir do momento que se materializa a alternativa dá-se início a outro longo percurso, talvez ainda mais difícil, e em que independentemente do nome que se carrega ou da ostentação que se possui, nem sempre as portas estarão tão disponíveis, porque depois da alternativa o que conta é a arte e o valor do toureiro. Se bem que sempre há excepções…
Venho eu com esta história introduzir a recente alternativa ocorrida na Praça de Toiros do Campo Pequeno, a do jovem Duarte Pinto, e não o querendo enquadrar de todo nalguns dos exemplos que dei, apenas quero reflectir no intenso percurso que se desencadeou a partir daquela noite para Duarte. Agora sim é desejar que aproveite e desfrute da sorte de se ter doutorado como cavaleiro tauromáquico, toureando com valor, com qualidade e acima de tudo humildade e respeito para com o público, a fim de que a sua carreira seja duradoura.
Das mãos de seu pai, Emídio Pinto, recebeu o jovem cavaleiro a alternativa sob a atenção das testemunhas de honra Luís Miguel da Veiga, Frederico Cunha e José João Zoio, assim como dos outros cavaleiros alternantes, Paulo Caetano, Joaquim Bastinhas e respectivos filhos.
Para além da emoção óbvia destes acontecimentos entre um pai e um filho, não foi indiferente a ninguém, os olhares brilhantes e o sorriso emocionado de Luís Miguel, Cunha e de Zoio, por voltarem a reencontrar-se com o passado, trajados a rigor, em cima dos cavalos, no centro da arena do Campo Pequeno, tendo as bancadas repletas de gente como pano de fundo a aplaudi-los com respeito e saudade.
Os novilhos/toiros de Mª Guiomar Cortes Moura, pecando por nenhum deles não ter ainda quatro anos, um pouco abaixo do que se pretendia para uma corrida destas na principal praça do país, serviram no entanto bastante bem para o ofício. Foram colaboradores, nobres e de boa apresentação. A praça de toiros estava completamente cheia de gente, e quase que bisou na esgotação lotada da semana anterior.
Duarte Pinto que teve em sorte um toiro com 618 kg, o da sua alternativa, e que recebeu com boa brega, desenvolveu uma lide agradável mas com a ferragem por vezes aliviada, no entanto andou sempre muito metido com o toiro e o público correspondeu.
Paulo Caetano que de vez em quando e a título excepcional ainda se apresenta em praça teve em sorte um toiro com 622 kg, que lhe impôs algumas oposições. Apesar de notória a inactividade do toureio, foi bastante evidente a qualidade das montadas e do cavaleiro, que toureou com muita classe.
Joaquim Bastinhas recebeu o seu toiro com 596 kg à porta gaiola, levando-o depois em boa brega e cedo o cavaleiro de Elvas andou por cima do toiro com uma actuação ao seu estilo de muita alegria contagiando as bancadas que reagiram com muito entusiasmo principalmente depois da colocação do habitual par de bandarilhas com que Bastinhas encerra ofício.
A João Moura Caetano tocou em sorte um toiro com 580 kg. Depois de irregular na ferragem comprida, com um ferro passadíssimo, baseou a cravagem dos curtos em batidas ao piton, citando a pouca distância, aguentando a investida e cravando correctamente. Ainda sofreu um aperto nas tábuas, mas recompôs com um palmito.
Marcos Tenório, não tendo obtido um triunfo redondo, desenvolveu na minha opinião a lide mais bem conseguida da noite. Já o disse antes e reafirmo, este jovem cavaleiro é dos poucos que actualmente toureia com correcção e com sentido. O toiro que lhe tocou com 612 kg, foi recebido com boa brega, esteve bem o ginete nos compridos, ainda pecou por um ferro curto tardío, mas desenvolveu um toureio equilibrado, sem enganos, estando bem na preparação das sortes, execução e remate. Para além disso o jovem cavaleiro está muito mais solto e estabelece boa conexão com as bancadas.
A lide a duo, entre Emídio Pinto e Duarte Pinto frente a um toiro com 562 kg, funcionou como actuação para encerrar a noite e apesar de se registar alguma falta de treino do Emídio Pinto, não deixou de ser agradável rever o veterano cavaleiro em praça.
Pelo grupo de forcados de Cascais pegaram Joel Zambujeira numa excelente pega e Luís Camões ambos à primeira;
pelo grupo de Monforte foram à cara dos toiros Paulo Freire à segunda com bom desempenho do primeiro ajuda e Luís Aranha também à segunda com o grupo coeso;
já pelo grupo de Elvas pegaram João Pedro Pimenta à terceira e Joaquim Guerra à segunda tentativa.
De lamentar mais um episódio com bandarilhas, neste caso a um elemento do grupo de Cascais que saiu com uma bandarilha presa na mão, felizmente sem consequências de maior.
Dirigiu correctamente o Sr. José Tinoca que não cedeu a pressões de algum ou outro espectador de bancada mais apressado em ouvir música do que propriamente em assistir à corrida. Públicos heterogéneos dão nisto…
Campo Pequeno, 23 de Julho, 2009
O dia da alternativa para um cavaleiro é sempre um acontecimento muito desejado, fruto de um caminho difícil, mais ou menos facilitado para uns do que para outros, pois há quem já tendo familiares no seio tauromáquico encontre mais portas abertas e há até quem tendo posses consiga “comprar” a alternativa. Mas também há aqueles que sozinhos, logrando-se do próprio esforço e valor conseguem atingir o sonhado “doutoramento”.
No entanto, a partir do momento que se materializa a alternativa dá-se início a outro longo percurso, talvez ainda mais difícil, e em que independentemente do nome que se carrega ou da ostentação que se possui, nem sempre as portas estarão tão disponíveis, porque depois da alternativa o que conta é a arte e o valor do toureiro. Se bem que sempre há excepções…
Venho eu com esta história introduzir a recente alternativa ocorrida na Praça de Toiros do Campo Pequeno, a do jovem Duarte Pinto, e não o querendo enquadrar de todo nalguns dos exemplos que dei, apenas quero reflectir no intenso percurso que se desencadeou a partir daquela noite para Duarte. Agora sim é desejar que aproveite e desfrute da sorte de se ter doutorado como cavaleiro tauromáquico, toureando com valor, com qualidade e acima de tudo humildade e respeito para com o público, a fim de que a sua carreira seja duradoura.
Das mãos de seu pai, Emídio Pinto, recebeu o jovem cavaleiro a alternativa sob a atenção das testemunhas de honra Luís Miguel da Veiga, Frederico Cunha e José João Zoio, assim como dos outros cavaleiros alternantes, Paulo Caetano, Joaquim Bastinhas e respectivos filhos.
Para além da emoção óbvia destes acontecimentos entre um pai e um filho, não foi indiferente a ninguém, os olhares brilhantes e o sorriso emocionado de Luís Miguel, Cunha e de Zoio, por voltarem a reencontrar-se com o passado, trajados a rigor, em cima dos cavalos, no centro da arena do Campo Pequeno, tendo as bancadas repletas de gente como pano de fundo a aplaudi-los com respeito e saudade.
Os novilhos/toiros de Mª Guiomar Cortes Moura, pecando por nenhum deles não ter ainda quatro anos, um pouco abaixo do que se pretendia para uma corrida destas na principal praça do país, serviram no entanto bastante bem para o ofício. Foram colaboradores, nobres e de boa apresentação. A praça de toiros estava completamente cheia de gente, e quase que bisou na esgotação lotada da semana anterior.
Duarte Pinto que teve em sorte um toiro com 618 kg, o da sua alternativa, e que recebeu com boa brega, desenvolveu uma lide agradável mas com a ferragem por vezes aliviada, no entanto andou sempre muito metido com o toiro e o público correspondeu.
Paulo Caetano que de vez em quando e a título excepcional ainda se apresenta em praça teve em sorte um toiro com 622 kg, que lhe impôs algumas oposições. Apesar de notória a inactividade do toureio, foi bastante evidente a qualidade das montadas e do cavaleiro, que toureou com muita classe.
Joaquim Bastinhas recebeu o seu toiro com 596 kg à porta gaiola, levando-o depois em boa brega e cedo o cavaleiro de Elvas andou por cima do toiro com uma actuação ao seu estilo de muita alegria contagiando as bancadas que reagiram com muito entusiasmo principalmente depois da colocação do habitual par de bandarilhas com que Bastinhas encerra ofício.
A João Moura Caetano tocou em sorte um toiro com 580 kg. Depois de irregular na ferragem comprida, com um ferro passadíssimo, baseou a cravagem dos curtos em batidas ao piton, citando a pouca distância, aguentando a investida e cravando correctamente. Ainda sofreu um aperto nas tábuas, mas recompôs com um palmito.
Marcos Tenório, não tendo obtido um triunfo redondo, desenvolveu na minha opinião a lide mais bem conseguida da noite. Já o disse antes e reafirmo, este jovem cavaleiro é dos poucos que actualmente toureia com correcção e com sentido. O toiro que lhe tocou com 612 kg, foi recebido com boa brega, esteve bem o ginete nos compridos, ainda pecou por um ferro curto tardío, mas desenvolveu um toureio equilibrado, sem enganos, estando bem na preparação das sortes, execução e remate. Para além disso o jovem cavaleiro está muito mais solto e estabelece boa conexão com as bancadas.
A lide a duo, entre Emídio Pinto e Duarte Pinto frente a um toiro com 562 kg, funcionou como actuação para encerrar a noite e apesar de se registar alguma falta de treino do Emídio Pinto, não deixou de ser agradável rever o veterano cavaleiro em praça.
Pelo grupo de forcados de Cascais pegaram Joel Zambujeira numa excelente pega e Luís Camões ambos à primeira;
pelo grupo de Monforte foram à cara dos toiros Paulo Freire à segunda com bom desempenho do primeiro ajuda e Luís Aranha também à segunda com o grupo coeso;
já pelo grupo de Elvas pegaram João Pedro Pimenta à terceira e Joaquim Guerra à segunda tentativa.
De lamentar mais um episódio com bandarilhas, neste caso a um elemento do grupo de Cascais que saiu com uma bandarilha presa na mão, felizmente sem consequências de maior.
Dirigiu correctamente o Sr. José Tinoca que não cedeu a pressões de algum ou outro espectador de bancada mais apressado em ouvir música do que propriamente em assistir à corrida. Públicos heterogéneos dão nisto…
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