quinta-feira, 10 de julho de 2008

[FotoReport 3ª Grande Corrida 24 Horas] Afinal o toureio apeado (ainda) não morreu no Campo Pequeno

No dia da X Corrida TVI no Campo Pequeno - com transmissão em directo a partir das 22:15 Horas - o serviço http://bandadosamouco.blogspot.com traz até aos seus leitores o relato completo com alguns dos melhores momentos de um grande serão vivido na última quinta-feira na monumental lisboeta, com o olhar sempre atento da cronista Patrícia Sardinha, Directora Adjunta do Serviço Informativo Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica e com fotos pela objectiva de João Silva, Chefe de Fotografia do Serviço Informativo Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica:

Campo Pequeno, 3 de Julho, 2008:
Quem todas, ou quase todas as quintas-feiras tem assistido às nocturnas do Campo Pequeno sabe bem a dificuldade que é verificar um cartel atractivo de modo a que a praça registe notável presença de entrada. Esta dificuldade acresce quando ao toureio apeado diz respeito, uns aficionados, porque não sendo a corrida em Portugal integral, não acham verdadeiro o toureio por maior que seja a figura, outros, e com razão, escaldados com experiências anteriores em que toureio apeado, somado a falhas na qualidade bovina que impediram a visibilidade de bom toureio, preferem abster-se de ir à praça.

O cartel da passada quinta-feira era um cartel bastante apelativo. Apesar de uma pequena alteração, justificável e admissível, do cavaleiro João Telles Jr. por Manuel Lupi, contava-se ainda com a presença de Vítor Ribeiro, figura de prestigio certificado e a actual máxima figura espanhola do toureio apeado, Manuel Jesús ‘El Cid’. Os toiros pertenceram à ganadaria de Ortigão Costa e em praça dois grupos de forcados, os do Barrete Verde de Alcochete e os Amadores de Coruche.

Vítor Ribeiro enfrentou um imponente toiro com 590 kg, deixando-lhe o primeiro ferro comprido numa sorte gaiola. Vítor bregou bem a rês, que depois, não se fixando, arrancou disposta para o segundo comprido. Repetiu a boa brega, onde o toiro revelou alguma fraca força de mãos, confessando-se andarilho na perseguição ao cavalo. Nos curtos, o cavaleiro citou de largo, deixando dois ferros ligeiramente a sillas passadas. O terceiro ferro, citou a curta distância e cravou de alto a poder, com o toiro a levantar alto a cara no momento da reunião. Bisou a sorte num quarto ferro, e dada a entrega e disposição do cavaleiro, o público exigiu-lhe mais um, que estando já dominada a rês, exigiu de Vítor maior risco, o que por sinal resultou num ligeiro toque na montada e numa passagem em falso com o toiro a não investir. Emendou bem depois com um ferro no sítio. A sua segunda actuação foi em crescendo. Começou por um primeiro comprido levemente traseiro, frente a um toiro com 580 kg, que cedo começou por se fechar em tábuas e não investir. O segundo da ordem foi regular. Nos curtos andou quase em batidas ao piton contrário, inicialmente não tão bem conseguidas, a andar precipitado, mas depois com mais serenidade, deixando a ferragem no sítio e agradando bastante o público.

Manuel Lupi, que reaparecia no Campo Pequeno depois da sua brilhante alternativa, não defraudou. Primeiro frente a um toiro com 530 kg, de córnea alta, que saiu com muita pata, acertando com os ferros compridos. Nos curtos a rês revelou-se distraída, a fechar-se em tábuas, tendo empenho o jovem cavaleiro em sacá-lo das querenças e colocá-lo nos terrenos adequados. Depois de um primeiro curto acertado, sofreu ligeiro toque ao cravar o segundo. Partiu frontalmente para o terceiro que deixou bem. Numa distracção nos agradecimentos ao público, e por alguma insuficiência na atenção dos seus peões de brega, sentiu-se apertado nas tábuas pelo toiro. O público pede-lhe mais um ferro, e depois de duas passagens em falso, com a rês a não acometer nas investidas, rematou a lide com um ferro violino bem conseguido. A sua segunda lide foi superior. Bem nos compridos, demonstrou calma, experiência e sentido de lide, num toiro com 585 kg, que também se revelou de investida parca. Citou frontalmente, partiu recto, e cravou certeiro. Destaque para o quarto ferro curto de muito boa nota, e um último a pedido das bancadas.

Do grupo do Barrete Verde de Alcochete, pegou João Salvação, à terceira após duas tentativas em que não se colocou bem; e Ricardo Francisco à segunda aguentando-se na cara do toiro. Já pelo grupo dos Amadores de Coruche pegou António Macedo numa boa pega ao primeiro intento; e o cabo Amorim Ribeiro Lopes também à primeira aguentando-se muito bem, com o toiro a levantar e a manter alta a cara.

Manuel Jesús ‘El Cid’, o aclamado triunfador máximo de San Isidro, veio com poder ao Campo Pequeno. Primeiro frente a um toiro com 485 kg, começou por se exibir com verónicas no capote. Com a muleta toureou essencialmente com a mão direita, com a rês a não humilhar muito, rematando sempre com a esquerda. Impôs mando nos passes, e delineou uma série de tandas soltas em que a entrega e o valor do matador sobressaíram frente a um toiro que foi a menos procurando refúgio nas tábuas. Com o último toiro da noite, com 545 kg, El Cid, demonstrou que afinal ainda se pode acreditar, mesmo sem corrida integral e com toiros por vezes frouxos, que o toureio apeado ainda faz vibrar as bancadas do Campo Pequeno. Voltou a estar bem com o capote. E com a flanela, desta vez ostentando-se mais com a esquerda, efectuou passes longos, cheios de temple, arrastando a muleta em circulares e sacando fortes olés. Destaque ainda para a excelente terna de bandarilheiros que brilharam tanto no tércio de bandarilhas como na boa brega e colocação do toiro para as sortes. No final da sua volta ao ruedo, El Cid, fez questão que todos os intervenientes, forcados e cavaleiros o acompanhassem em mais uma volta, de modo a serem brindados pela agradável noite proporcionada aos presentes na praça de toiros do Campo Pequeno.

A lotação da praça rondou os ¾ de casa, com um público de nacionalidade heterogénea, dirigindo com acerto António Barrocal, assessorado pelo Dr. Salter Cid. Os toiros de Ortigão Costa foram díspares de apresentação e comportamento, mas colaboradores no geral.

Apresentamos em seguida alguns dos momentos neste espectáculo, fotografados pela objectiva sempre atenta e oportuna de João Silva, chefe de fotografia do serviço Naturales - Correio da Tauromaquia ibérica:


Vítor Ribeiro e Manuel Lupi


Vítor Ribeiro


João Salvação pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete


Manuel Lupi


Manuel Jesús ‘El Cid’

As emoções da Festa Brava seguem na Catedral do Toureio em Portugal já esta quinta-feira com a alternativa de Marcos Tenório Bastinhas, num espectáculo a não perder a partir das 22:15 Horas.

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