[FotoReportagem] Campo Pequeno - Carteis diferentes também resultam

O serviço informativo http://bandadosamouco.blogspot.com apresenta em seguida o relato em profundidade com alguns dos melhores momentos da Grande Corrida da revista VIP realizada na última quinta-feira na monumental lisboeta, com o olhar sempre atento da cronista Patrícia Sardinha, Directora Adjunta do Serviço Informativo Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica e com fotos pela objectiva de João Silva (www.joaopsilva.com), Chefe de Fotografia do Serviço Informativo Naturales - Correio da Tauromaquia Ibérica:

Campo Pequeno, 24 de Julho 2008 - Corrida Aniversário Revista VIP:

Quando em tempo de crise muitos se queixam de praças vazias, cartéis repetitivos, e corridas sem emoção e competição, eis que me surpreendo na passada quinta-feira, na nocturna do Campo Pequeno. Um cartel jovem, diferente e que enche praça é de se tirar o chapéu. Afinal os aficionados, e público em geral, não se deixam só levar às praças por cartéis repetitivos e familiares. No dia 24 de Julho, o Campo Pequeno contava com cerca de ¾ de casa forte e a presença de Sónia Matias, Ana Batista, Manuel Telles Bastos, Marcos Tenório, Tiago Carreiras e Isabel Ramos. Grande parte deste público vinha também em apoio aos três grupos de forcados que disputavam o troféu para a melhor pega, sendo eles os Amadores da Chamusca, Aposento da Chamusca e Alter do Chão. Os toiros de Branco Núncio, de excelente apresentação, foram colaborantes, detendo pouco andamento nas investidas.

O primeiro toiro com 556 kg coube a Sónia Matias, que teve uma actuação irregular, com a rês a gozar de arrancadas bruscas sendo os toques na montada uma constante toda a lide. Logo ao deixar o primeiro ferro comprido, se iniciou a música desconcertante dos toques no cavalo. Volta a bisar no mau tom ao preparar a sorte para deixar o segundo comprido. Supera-se cravando bem três curtos mas sem grande destaque. E quando se preparava para deixar um ferro de palma volta a sofrer forte derrote. Sónia pode ser alegre, irreverente, uma mulher (para os que ainda sendo machistas julgam que isto pode ser motivo) não sendo nada disto desculpa para que não possa ser melhor cavaleira. Precipita-se, sempre apressada, não entendendo na maioria das vezes as características o toiro, o que é uma pena.

Sónia Matias

Ana Batista, uma cavaleira com um toureio mais clássico e sentido, lidou o sobrero com 566 kg, da mesma ganadaria, depois do toiro que lhe tinha tocado em sorte ter saído à arena com deficiências motoras, sendo pena dada a estampa de toiro que era. A cavaleira teve uma actuação que pautou por duas fases, uma em crescendo, outra em decrescendo. O primeiro ferro comprido foi atrasado no tempo da reunião, compensou com um certeiro segundo ferro. Nos curtos a actuação foi subindo de tom, com uma preparação frontal das sortes, com a classe característica da cavaleira de Salvaterra. O quarto ferro curto ficou ligeiramente traseiro. Com a rês a ir a menos, Ana deixa ainda um ferro de palmo. Dois o público exige-lhe o par de bandarilhas e foi aqui que decresceu ligeiramente o valor da sua lide. Com o toiro cada vez mais na defensiva, tentou a sorte com um primeiro par que caiu, sendo-lhe depois difícil colocar o toiro no sítio, e quando repetiu a colocação do par este ficou descaído.

Ana Batista

Manuel Telles Bastos teve pela frente o toiro com 586 kg que se metia por dentro na perseguição ao cavalo. Depois de três bons ferros compridos, sofreu um toque na montada, mas brilhou com a boa colocação do primeiro curto. Volta a sofrer toque na colocação do segundo ferro. Em cites frontais, sabendo escolher os terrenos e fazendo-se ver, crava mais três ferros, com destaque para o último de excelente execução. Com a rês já dominada crava mais um bom ferro de palmo.

Manuel Telles Bastos

O quarto toiro da noite com 586 kg saiu com muita pata e foi muito bem recebido em brega pelo cavaleiro Marcos Tenório. Esteve notável na ferragem comprida evidenciando logo as imensas ganas com que se encontrava. Mas cedo se esmoreceu a expectativa com a rês a fechar-se em tábuas dificultando a actuação do cavaleiro. O primeiro ferro curto ficou descaído. Foi buscar o toiro às tábuas e colocou-o no centro da arena, citou-lhe forte e cravou o segundo curto. Deixou mais dois ferros do mesmo modo sempre a ter de sacar a rês das querências primeiro. Tenta colocar um ferro de palmo que cai sendo depois recomposto e rematando a sorte junto às tábuas. Marcos tem valor, é comunicativo, mas precisa aligeirar mais na pressa que imprime para que as cravagens não lhe resultem irregulares.

Marcos Tenório Bastinhas

Tiago Carreiras era bastante aguardado em Lisboa, depois dos triunfos que alcançou noutras praças. Muito se fala deste jovem cavaleiro praticante, e do seu questionável sucesso numa possível ausência da sua montada estrela, o Quirino. Quase todos os cavaleiros tiveram no seu percurso, um cavalo que lhes tenha marcado a carreira, Tiago tem o Quirino, e não subestimando em nada o valor do cavalo, penso que a garra e a determinação do cavaleiro são de enaltecer também. Contudo desta vez e com um toiro de 554 kg, reservado, sem andamento para a montada, não houve oportunidade de aproveitar todas as qualidades do Quirino. Cumpriu com os compridos, sofreu toque ao cravar o primeiro curto, e depois foi-se impondo ao longo da lide, usando o cavalo como muleta para colocar o toiro em terrenos devidos. Deixou bem mais três curtos sempre rematados com ladeios e recortes na cara do toiro, apesar deste nem perseguir a montada. O público ainda exige mais um ferro, mas Tiago teve maturidade suficiente para saber que não tinha rês para lides prolongadas.

Tiago Carreiras

Por último, Isabel Ramos frente ao toiro mais pesado da noite com 626 kg. E em noite de ‘toques’, também a jovem cavaleira sofreu dois, um em cada colocação dos ferros compridos que deixou. Ainda assim andou por cima, exibindo as montadas, e cravando certeira a ferragem curta. Melhor o segundo curto numa batida ao piton contrário, depois com a rês a acusar mansidão, partiu recta, e passo a passo volta a deixar outro curto ligeiramente descaído. Sofre um forte aperto nas tábuas ao tentar sacar o toiro de tábuas, mas Isabel não se abate com pouco e crava mais um ferro no sitio, seguindo-se um de palme no remate da actuação.

Isabel Ramos

Já pela parte das pegas, a noite foi das boas. Pelo grupo dos Amadores da Chamusca pegou o cabo Nuno Marques à primeira, tendo-se fechado bem, aguentando os derrotes; e Nuno Torrado também à primeira sem dificuldades. Pelo grupo do Aposento da Chamusca, António Melara Dias à quarta tentativa, depois de uma primeira em que se fechou bem, com o toiro a parar-se e a levanta-lo alto, acabando por sair, e outras duas em que não se fechou bem; e João Vinagre com um toiro de difícil arrancada, e só consumou à segunda com as ajudas carregadas. Já pelo grupo de Alter do Chão, Sérgio Pires à primeira aguentando sozinhos os fortes derrotes; e Henrique Magalhães a dobrar um colega, consumando à primeira destacando-se o primeiro ajuda. Sérgio Pires viria a vencer com mérito o troféu em disputa.

Forcados Amadores da Chamusca

Aposento da Chamusca

Manuel Telles Bastos com Sérgio Pires dos Amadores de Alter do Chão

Amadores de Alter do Chão - Vencedores do Concurso de Pegas

Dirigiu acertadamente Francisco Farinha, assessorado pelo Dr. José Cruz, mais uma vez, e como é hábito ao som da indispensável Banda do Samouco.

Se pretende ver vídeos com alguns excertos da actuação da Banda ou ainda as pegas da corrida - incluindo a pega vencedora do troféu em disputa - clique aqui.