Campo Pequeno, 17 de Julho 2008 - Corrida da União das Misericórdias:
E começando por desfiar a corrida, foi primeiro da ordem o toiro de Conde Cabral com 490 kg, um animal curto, que saiu bem e que foi recebido com boa brega, apanágio da casa Mourista. Deixou dois compridos correctos, com a rês a consentir. Montando o Belmonte, citou de largo, e apesar do toiro não estar enquadrado, deixou o primeiro ferro curto, rematando novamente com boa brega. Deixou mais três ferros curtos no sítio, fechando sempre as sortes com ladeios na cara da rês. Com o toiro já enquerenciado, sofreu um aperto nas tábuas ao preparar a cravagem de um ferro de palmo, sacou-o bem dos terrenos João Moura Jr. que citando de frente deixou o palmito.
O toiro de Miura, com 626 kg, não primou pela beleza, era alto e bastante afeitado. Contudo foi colaborante, defendendo-se e metendo a cara alta no momento do cavaleiro deixar a ferragem. Cravou no sítio quatro ferros com a rês sempre a perseguir a montada. Um quinto ferro caiu ao bater nos outros, compensou com um sexto já com o toiro dominado.
O quinto toiro, pertencente à ganadaria de Francisco Romão Tenório, e que pesou 586 kg, concedeu complicações ao cavaleiro. Saiu bem ao ruedo, e permitiu justos os compridos, mas foi nos curtos que se revelou. Adiantando-se ligeiramente às reuniões, andarilho no modo como se deslocava, fez o cavaleiro ter dificuldades em entrar nos terrenos e chegar-se à rês para cravar. O cavaleiro efectuou algumas passagens em falso, e depois em menor distância a conseguir o primeiro curto. Voltou a esboçar sortes não conseguidas, e só concretizou a cravagem dos ferros ao entrar nos terrenos de dentro e encurtado distâncias. Destaque para o labor do cavaleiro a ter que se arrimar e para o quarto curto de alto a baixo. Rematou a lide com um bom de palmo.
O sexto toiro da noite, um Passanha com 530 kg foi esperado por João Moura Jr. à porta gaiola que depois de afinada brega, o parou no centro da arena. Cedo se revelou a rês brava, acorrendo ao cite do cavaleiro para os dois compridos. Depois de um bom primeiro curto, desafina ao falhar o segundo, seguindo-se uma passagem em falso e só depois então a conseguir. O terceiro ferro surgiu de uma batida ao piton contrário e que resultou brilhante. Citou de longe, aguentou e novamente numa batida ao piton contrário cravou o quarto curto pondo o público de pé.
Corrida à parte, novamente cortesias para variedades taurinas com a lide de um novilho, também de Romão Tenório com 335 kg para Miguel Moura, que não estando tão correcto como na vez anterior em que toureou pela 1ª vez no Campo Pequeno, voltou a demonstrar desembaraço e gracejo toureiro. É um ‘moura’ dos pés à cabeça. Irregular nos compridos, foi nos curtos e fazendo uso do cavalo do irmão, que deslumbrou com ladeios, cravagem no sitio, arrimando-se e levando as bancadas ao rubro.
Em relação às pegas, pegaram pelo grupo de Montemor, João Cabral sem dificuldades à primeira, João Mantas à quarta com as ajudas carregadas e Pedro Santos (sobrero) à primeira numa pega tecnicamente perfeita; pelo grupo do Aposento da Moita, Ntinu Wen sem problemas à primeira e Nuno Inácio também à primeira a recuar bem. Pelo grupo de Monforte, Ricardo Carrilho à segunda a aguentar bem fortes derrotes e Nelson Catambas à primeira com o toiro a levantar a cara alta. Pegou ainda o novilho, José Maria Bettencourt pelo grupo juvenil do Aposento da Moita, sem dificuldades e à primeira.
Dirigiu correctamente a corrida Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. António José Rita numa corrida que culminou, e como já vendo sendo hábito, com a saída em ombros de João Moura Júnior e Miguel Moura, apesar de ter havido um impasse em relação à abertura da porta grande, com os cavaleiros já à espera de passarem, enquanto na trincheira se ‘regateava’ a abertura da praça…
Mas ainda a respeito da lide extra deste sobrero ‘oferecido’, pela minha parte agradeço a oferta, mas dispensava dado o adiantado da hora, e a minha fidelidade e gosto por que se cumpra o que vem anunciado em cartaz e por não concordar com caprichos e muito menos que haja vozes que “mais alto se levantam” neste meio que é a festa brava (e que não venham para aí atentarem as vozes da razão contra Rui Bento, porque este, coitado, chega a ser quem menos manda), pois se é para um deveria ser para todos e o contrário também, se uns não podem, porque pode este?! Se não, estávamos madrugada dentro nas praças de toiros a ver toureiros lidarem até se cansarem. Mas pronto…para os que defendem o divertimento e as noites festivas…foi um regalo.
Amadores de Montemor
Aposento da Moita
Amadores de Monforte
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