Os 30 anos da história do toureio equestre que medeiam entre 10 de Junho de 1978 e 5 de Junho de 2008, têm como grande protagonista João Moura, tal tem sido a sua influência, que muitos até classificam de “Revolução Mourista”. Quando chegou à alternativa, concedida por Mestre David Ribeiro Telles, em Santarém, no distante 10 de Junho de 1978, a “Revolução Mourista” já estava em marcha. Na verdade, logo em 1976, na feira de Santo Isidro, em Madrid, Moura ganhara o troféu para o melhor cavaleiro e referendara toda a qualidade e inovação do seu toureio na corrida da Beneficência. Na primeira corrida, a 27 de Maio, lidou um toiro de Núncio, utilizando dois cavalos do ferro do “Califa de Alcácer”, que os aficionados ainda hoje recordam “Ferrolho” e “Importante”. Da segunda, a 10 de Junho, com um toiro de Bohorquez, ao qual cortou as orelhas, Moura sai lançado definitivamente para uma carreira ímpar que prossegue, na actualidade, com o empenho, profissionalismo e a vontade férrea do primeiro dia.
João António Romão Moura nasceu a 24 de Março de 1960, em Monforte. Oriundo de uma família com tradições tauromáquicas, pois é sobrinho e filho de ganaderos, dedicando-se ele também a esta actividade. Começou a tourear aos 10 anos, tendo-se estreado em Portalegre a 20 de Setembro de 1970 mostrando, desde logo, uma invulgar intuição para o toureio a cavalo, iniciando assim uma carreira triunfal. No Campo Pequeno estreou-se a 21 de Abril de 1974, alternando com Manuel Conde, Mestre Batista e Luís Miguel da Veiga. Depois da alternativa, João Moura tem percorrido triunfalmente todos os países onde a tauromaquia tem expressão, actuando em cerca de duas mil corridas e levantando bem alto a tradição equestre-tauromáquica portuguesa. A sua carreira valeu-lhe já o reconhecimento público, ao ser-lhe atribuído, em 1991, o grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe de Mérito Agrícola) com que foi distinguido pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
Se importante tem sido toda a carreira de João Moura, de grande relevância é, igualmente, o seu legado. Em primeiro lugar o legado que constitui a sua forma tão pessoal de interpretar o toureio equestre que influenciou jovens em todo o mundo taurino, alguns dos quais a ele já se juntaram na lista das figuras mundiais, como é o caso do rojoneador espanhol Pablo Hermoso de Mendoza, que sempre refere publicamente as influências que recebeu do mestre português. Em segundo lugar o ter sido capaz de transmitir aos seus filhos, João e Miguel (cavaleiro-amador, de apenas 11 anos), toda a sua tauromaquia, dando-lhes ao mesmo tempo, espaço para evoluir e personalizar o seu conceito de toureio a cavalo. Por outro lado, soube ainda incutir nos seus sobrinhos João Augusto e Benito, respectivamente novilheiro em quem os aficionados portugueses depositam fundadas esperanças, e bandarilheiro, o gosto pelo toureio.
João Moura vai na noite da próxima quinta-feira ao Campo Pequeno comemorar, em família, e com toiros da sua própria ganadaria, uma efeméride da máxima relevância para o toureio a cavalo, acompanhado pelos seus dois filhos e pelos dois sobrinhos, numa simbiose que representa a apoteose do toureio na sua multidisciplinaridade.
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